segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Estudo da Doutrina - parte 02

Ciência – Método Científico

Os fenômenos mediúnicos, tão antigos quanto o ser humano na face da Terra, sempre chamaram a atenção para a realidade da vida espiritual. Todavia, foram sempre revestidos pelo caráter do maravilhoso e do sobrenatural, tão ao gosto das religiões primitivas e das tradicionais. De outras vezes, as manifestações dos espíritos eram explicadas como obra demoníaca, por princípios religiosos que persistem até hoje, desencorajando, e mesmo proibindo, através do poder religioso constituído, toda a pesquisa ou estudo que visasse esclarecer a causa dos referidos fenômenos. Foi necessário que o tempo passasse, que o homem amadurecesse e, como consequência, houvesse a libertação do conhecimento, para que a explicação racional desses fatos pudesse ser encontrada. No estudo dos fenômenos que concorreram para a elaboração do Espiritismo, Allan Kardec, da mesma forma que nas ciências positivas, aplicou o método experimental (indutivo). Não criou nenhuma teoria preconcebida e nem apresentou a priori como hipótese a existência e a intervenção dos espíritos, concluindo pela existência destes, quando ela foi evidenciada pela observação dos fatos. “Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria; a teoria é que veio subsequentemente explicar e reunir os fatos.” Como vimos na sessão anterior, foi a partir dos fenômenos das mesas girantes que Allan Kardec iniciou a sua pesquisa, em busca da explicação para esse fato tão singular e de tantos outros compreendidos na fenomenologia mediúnica.
Nascia, assim, uma nova ciência que viria romper os vínculos de quaisquer resíduos mágicos e superstição, demonstrando a existência do princípio espiritual, as propriedades dos fluidos espirituais e a ação deles sobre a matéria. Demonstrou a existência do perispírito - ou corpo espiritual - assinalado por diversos pensadores em várias épocas, reconhecendo nele o corpo fluídico da alma, mesmo depois da destruição do corpo físico. Esse invólucro é inseparável da alma, um dos elementos constitutivos do ser humano e o veículo de transmissão do pensamento. Serve de laço entre o espírito e a matéria. A parte experimental do Espiritismo está contida em O Livro dos Médiuns, editado em 1861, que, segundo Allan Kardec na apresentação da referida obra, “contém o ensino especial dos espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo”. Nessa obra, Kardec dá ênfase ao perispírito, elemento indispensável para a explicação da mediunidade e faz, também, um relato da evolução dos processos de comunicação com os espíritos, desde as mesas girantes até à psicografia, ou seja, a escrita através da mão do médium. O Espiritismo, enquanto ciência, tem o seu objeto e o seu método. O seu objeto centra-se nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos. É uma ciência de observação. O método científico, como é ensinado nas escolas, decompõe-se em várias fases:
1. Observação;
2. Formulação de hipóteses explicativas do fenômeno;
3. Segue-se a fase em que se testa experimentalmente a hipótese tida como reveladora
do mecanismo do fenômeno;
4. Enunciação da lei.
Quem estuda a história da codificação do Espiritismo, vai encontrar este percurso a ser percorrido por Kardec. Evidentemente que este tipo de fenômenos não é tão simples de pesquisar como uma experiência química processada em laboratório. Há que fazer adaptações. Os espíritos são pessoas sem corpo físico que têm a sua vontade própria (podem não estar dispostos a tentar as experiências que os experimentadores pretendem fazer. A isto acresce a necessidade de se verificar todo um conjunto complexo de circunstâncias físicas, psicológicas e outras, para que o fenômeno possa ocorrer.

Fonte: Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal (ADEP)

Nenhum comentário:

Postar um comentário